SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS

O médico e botânico sueco Karl von Linné (1707-1778), também chamado de Lineu, foi quem elaborou o sistema de classificação universal dos seres vivos – o sistema binominal de nomenclatura.
O ramo da Biologia que estuda a classificação dos seres vivos é a taxionomia
(do grego táxis: “ordenação”; nómos: “regra”, “lei”; ía: “qualidade”, “propriedade”). Taxionomia, portanto, significa sistemática ou ciência da classificação.

CATEGORIAS TAXONÔMICAS

O gato-do-mato-pequeno, o menor dos pequenos felinos silvestres brasileiros, pertence à espécie Leopardus tigrinus; a jaguatirica, o maior dos pequenos felinos silvestres brasileiros, pertence à espécie Leopardus pardalis. Esses animais, embora sejam de espécies diferentes, têm características bastante próximas e fazem parte do mesmo gênero: Leopardus.
Do mesmo modo, leões (Panthera leo), tigres (Panthera tigris) e onças-pintadas (Panthera onca) pertencem a espécies diferentes mas são do mesmo gênero: Panthera. Os animais citados, assim como os de outros gêneros, como os do gênero Felis (exemplo: Felis catus, o gato doméstico), têm certas características comuns e relativamente próximas; por isso todos eles pertencem à mesma família: Felidae.
Animais que pertencem ao mesmo gênero (Panthera), mas a espécies diferentes
Onça-pintada (Panthera onca)
Tigre (Panthera tigris)
Muitas outras famílias de animais poderiam ser consideradas. A família Canidae, por exemplo, engloba animais como o cão (Canis familiaris) e o lobo (Canis lupus). Os felídeos e os canídeos têm certas características que permitem a essas duas famílias – e outras, como a Ursidae (ursos) e a Hyaenidae (hienas) – enquadrar-se na mesma ordem: Carnivora.
Mas ordens diferentes podem ser agrupadas em uma classe. Felídeos, Canídeos, roedores (pacas, ratos) e cetáceos (baleias, golfinhos), entre outros exemplos são animais portadores de glândulas mamarias, por isso, são agrupados na mesma classe: Mammalia (mamiferos).
Os mamíferos, assim como as aves, os répteis, os anfíbios e os peixes, são animais que apresentam na fase embrionária um eixo de sustentação denominado notocorda. Por isso, esses animais pertencem ao mesmo filo: Chordata. O filo dos cordados, juntamente com o dos equinodermos (exemplo: estrela-do-mar), artrópodes (exemplo: insetos), anelídeos (exemplo: minhoca) e moluscos (exemplo: ostra), entre outros, constitui o reino Animalia (reino animal).
Portanto, concluímos que:
➤Várias espécies podem ser agrupadas num mesmo gênero;
➤Vários gêneros numa mesma família;
➤Várias famílias numa mesma ordem;
➤Várias ordens numa mesma classe;
➤Várias classes num mesmo filo;
➤Vários filos num mesmo reino.
Reinos, filos, classes, ordens, famílias, gêneros e espécies são categorias taxonômicas, isto é, categorias de classificação.
 

TAXONOMIA E ESPÉCIE

O uso de um nome científico para cada espécie permite uma padronização universal, que evita prováveis confusões geradas pela existência de
inúmeros termos populares que diferentes regiões
poderiam aplicar a essa espécie. Assim, o cão doméstico, por exemplo, tem apenas um nome, que
permite seu reconhecimento imediato em qualquer parte do mundo: Canis familiaris.
Mas o que é espécie?
São considerados da mesma espécie os indivíduos que apresentam grandes semelhanças físicas e fisiológicas, são capazes de cruzar-se naturalmente entre si, gerando descendentes férteis.
 

Subespécies

A espécie não é a categoria taxonômica indivisível, ocorre que quando populações de uma mesma espécie ficam isoladas geograficamente, podem adquirir diferenças anatômicas, fisiológicas e bioquímicas entre si, mesmo pertencendo ainda a mesma espécie e podendo cruzar e gerar descendentes férteis, essas populações são chamadas subespécies (ou raças). A nomenclatura referente à subespécie é trinomial, sendo escrito o último termo que a designa com inicial minúscula, como em Panthera tigris altaica (tigre siberiano) uma subespécie do tigre. Quando se faz referência à subespécie, os três termos devem ser citados.

REGRAS DE NOMENCLATURA

1º – O nome da espécie deve ser escrito em latim, grifado ou em tipo itálico, sendo obrigatória a presença de, no mínimo, dois nomes. O primeiro nome indica o gênero e o segundo indica a espécie. A espécie deve vir sempre precedida do gênero. Assim, a lampreia, animal marinho, é chamada pelo nome científico de Petromyzon marinus (figura 26.4). Pertence, portanto, ao gênero Petromyzon e à espécie Petromyzon marinus (e não à espécie marinus).
2º A inicial do termo indicativo do gênero deve ser escrita com letra maiúscula; a da espécie, com letra minúscula. Exemplo: Phaseolus vulgaris (feijão). Nos casos em que o nome da espécie se refere a uma pessoa, a inicial pode ser maiúscula ou minúscula. Exemplo: Trypanosoma cruzi (ou Cruzi) – uma vez que o termo cruzi se refere ao médico brasileiro Oswaldo Cruz (1872-1917).
3º Quando se trata de subespécies, o nome indicativo deve ser escrito sempre com inicial minúscula (mesmo quando se refere a pessoas), depois do nome da espécie. Exemplos: Rhea americana alba (ema branca); Crotalus terrificus terrificus (cascavel).
4º Nos casos de subgênero, o nome deve ser escrito com inicial maiúscula, entre parênteses e depois do nome do gênero. Exemplo: Anopheles (Nyssorhynchus) darlingi (um tipo de mosquito).

OS REINOS

Em 1969, o ecologista estadunidense Robert H. Whittaker propôs uma classificação, com base no modo de nutrição e organização celular, pela qual os seres vivos foram distribuídos em cinco grandes reinos:
Reino Monera: Organismos unicelulares e procariontes, representados pelas bactérias, pelas cianobactérias e arqueas.
Reino Protista: Organismos unicelulares e eucariontes, como os protozoários e certas algas.
Reino Fungi: Compreende todos os fungos, que podem ser unicelulares ou pluricelulares e são organismos eucariontes e heterótrofos por absorção.
Reino Plantae: Organismos pluricelulares, eucariontes e autótrofos. Vegetais: briófitas (como musgos e hepáticas), pteridófitos (como samambaias e avencas), gimnospermas (como pinheiros e sequoias) e angiospermas (pês, limoeiros, feijão, capim, etc.).
Reino Animalia: Organismos pluricelulares, eucariontes e heterótrofos por ingestão. Esse reino abrange todos os animais, desde os poríferos até os mamíferos.
Em 1977, com base aspectos evolutivos analisados a partir de sequências de RNA dos seres vivos, o cientista estadunidense Carl Woese e seus colaboradores sugeriram um novo sistema de classificação. Segundo essa nova organização, os procariontes (antigo reino Monera) foram divididos em dois reinos: Eubacteria (bactérias verdadeiras ou eubactérias) e Archaebacteria (arqueas), permanecendo inalterados os reinos Protista, Fungi, Plantae e Animalia. Além de acrescentar uma nova categoria às já existentes, o Domínio (categoria acima de reino).
Esses seis reinos foram então agrupados em três domínios: nos procariontes, as diferenças são tantas que dois domínios foram estabelecidos, Archaea (arqueas) e Bacteria (inclui bactérias e cianobactérias), e Eukarya (inclui todos os eucariontes).
Então a classificação atual fica da seguinte maneira:

DOMÍNIOS

Archaea: representado por organismos quimiotróficos e procariontes, que não possuem núcleo. Muitos dos representantes são extremófilos, ou seja, organismos que são capazes de viver em condições extremas. Esses seres, normalmente, vivem em ambientes como fontes termais e locais ricos em enxofre, extremamente quentes ou repletos de sal.
Bacteria: engloba organismos unicelulares e procariontes, como as bactérias que causam doenças ao homem e também aquelas encontradas em ambientes como a água e o solo.
Eukarya: Nesse domínio são encontrados apenas organismos eucariontes, ou seja, que possuem núcleo. O domínio Eukarya engloba organismos unicelulares, como é o caso dos protozoários, ou multicelulares, como ocorre em animais, fungos e plantas.

REINOS

Reino Bacteria: Reúne as bactérias e as cianobactérias, organismos unicelulares e procariontes. As cianobactérias são autotróficas e há ainda bactérias que podem ser autotróficas e buscam seu alimento no ambiente, atuando como decompositoras ou parasitas.
Reino Archaea: Seus representantes são unicelulares, autotróficos ou heterotróficos, e estão mais próximos, em termos evolutivos, dos organismos eucariontes do que das bactérias, das quais se diferenciam pela composição química da parede celular. Esses seres, as arqueas, geralmente vivem em condições extremas.
Reino Protista: São eucariontes e o reino abrange organismos em sua maioria unicelulares, como as algas e as amebas. Há algas uni e pluricelulares; todas são autotróficas, mas não apresentam tecidos organizados. Outros representantes deste grupo são unicelulares, heterotróficos, de vida livre ou parasitas.
Reino Fungi: Agrupa os fungos, como os cogumelos, as orelhas-de-pau, os bolores e as leveduras, que são heterotróficos, unicelulares ou pluricelulares e eucariontes.
Reino Plantae: Inclui todas as plantas, que são seres pluricelulares, eucariontes, autotróficos e dotados de tecidos definidos. Dividem-se em quatro grupos: briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas.
Reino Animalia: Compreende os animais, seres pluricelulares, eucariontes e heterotróficos, com grande número de filos.
IMPORTANTE: Muitos pesquisadores taxonomistas criticam a existência do reino protista por se tratar de
um grupo que reúne organismos com origens evolutivas muito
diferentes. E por isso não consideram mais o esse reino, porém ainda não existe um consenso sobre esse assunto e muitos autores e biólogos ainda consideram os protistas como um reino válido.
Em relação às categorias taxionômicas, a espécie humana é classificada da seguinte maneira:
Domínio: Eukarya
Reino: Animalia
Filo ou divisão: Chordata
Subfilo: Vertebrata
Classe: Mammalia
Ordem: Primates
Família: Hominidae
Gênero: Homo
Espécie: Homo sapiens
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