DOENÇAS TROPICAIS: MALÁRIA

A malária é uma doença infecciosa potencialmente grave, causada por parasitas (protozoários do gênero Plasmodium) que são transmitidos de uma pessoa para outra pela picada de mosquitos do gênero Anopheles. É um problema importante em viagens para áreas de risco de transmissão. 
Transmissão 
A malária, em condições naturais, é transmitida por fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles. O principal transmissor na Região Amazônica é o Anopheles darlingi, que tem como criadouro grandes coleções de água. O Anopheles aquasalis, que se prolifera em coleções de água salobra, predomina sobre o A. darlingi na faixa litorânea, inclusive no Rio de Janeiro. Estes mosquitos tem maior atividade durante a noite, do crepúsculo ao amanhecer e, geralmente picam no interior das habitações. A transmissão é mais comum no interior das habitações, em áreas rurais e semi-rurais, mas pode ocorrer em áreas urbanas principalmente na periferia. Em locais com altitudes superiores a 2000 metros, no entanto, o risco de aquisição de malária é pequeno. 

A malária é causada por protozoários do gênero Plasmodium. Quatro espécies podem produzir a infecção – Plasmodium falciparum, Plasmodium vivax, Plasmodium malariae e Plasmodium ovale. O P. ovale ocorre apenas na África e, raramente, no Pacífico Ocidental. O P. falciparum é o que causa a malária mais grave, podendo ser fatal. O risco maior de aquisição de malária é no interior das habitações, embora a transmissão também possa ocorrer ao ar livre. Como os Plasmodium estão presentes na circulação sangüinea durante a infecção, a transmissão da malária também pode ocorrer a partir de transfusões de sangue, de transplantes de órgãos, da utilização compartilhada de seringas por usuários de drogas endovenosas ou da gestante para o filho (malária congênita) antes ou durante o parto.

Riscos no Brasil 
No Brasil, a existência de malária (febres terçãs e quartãs) é registrada de forma esporádica pelo menos desde 1587. A partir da década de 1870, com o início da exploração da borracha na Região Amazônica, torna-se um grande problema de Saúde Pública. A exploração da borracha atraiu dezenas de milhares de imigrantes provenientes do Nordeste, que foram sistematicamente dizimados pela malária. No Sudeste do país, na mesma época, a transmissão crescia acentuadamente na Baixada Fluminense e no Vale do Paraíba, uma vez que a abolição da escravatura, e o conseqüente colapso da aristocracia rural cafeeira, fez cessar os pequenos trabalhos de combate à malária, para os quais contribuía a mão de obra escrava. Não sem razão, no início do século vinte, a malária ocorria praticamente em todo o território brasileiro.
Em meados da década de 40, estimava-se que no país, para uma população de 55 milhões de habitantes, ocorriam entre 4 e 8 milhões de casos de malária por ano resultando em cerca de 80 mil óbitos. O início do emprego extensivo do DDT a partir de 1947, tornou possível em menos de uma década a redução do número casos para 249 mil por ano. Em 1970 foram registrado 52 mil casos, o menor número desde o início da aplicação do DDT, a quase totalidade na Região Amazônica. A partir de então a situação da malária começa progressivamente a se agravar e, em 1999, foram registrados 635.646 casos na Região Amazônica. A migração interna, relacionada aos projetos agropecuários, à construção de rodovias e hidroelétricas e às atividades de garimpo e mineração desenvolvidos na Região Amazônica, foi o principal fator responsável pelo agravamento. Este movimento migratório desordenado dificultou o controle da malária, permitindo um enorme afluxo de pessoas não-imunes para áreas de alta transmissão. Além disto, permite o refluxo de indivíduos com a infecção para regiões onde a transmissão da malária fora interrompida possibilitando, eventualmente, sua reintrodução.
Atualmente, a transmissão da malária no Brasil está basicamente restrita à Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins). Em 2006, os municípios de Cruzeiro do Sul (AC), Manaus (AM) e Porto Velho (RO) foram responsáveis por 22,59 % do total de casos de malária da Amazônia. Nas cidades desta Região pode haver transmissão significativa, mesmo em algumas das capitais dos Estados, como vem acontecendo com freqüência na periferia de Manaus e Porto Velho. No entanto, em Belém, São Luiz (situada fora da Região Amazônica), Cuiabá e Palmas o risco é quase inexistente.
Nos Estados fora da Região Amazônica, o risco de transmissão local (autóctone) é pequeno ou não existente e a quase totalidade dos casos de malária registrada é importada da Amazônia Legal ou de outros países, principalmente da África. Como, em geral, não é possível eliminar os Anopheles nas áreas onde a transmissão já foi interrompida, existe o risco de ocorrer eventualmente reintrodução da malária.
Medidas de proteção individual
Não obstante todas as medidas de prevenção, inclusive a utilização de medicamentos profiláticos, o viajante pode contrair malária. O viajante que passou por uma área de risco para malária e que apresente febre, durante ou após a viagem, deve procurar rapidamente um Serviço de Saúde para esclarecimento diagnóstico. É importante observar que, como as áreas de transmissão podem ser as mesmas, além de malária, sempre deve ser afastado o diagnóstico de febre amarela, e investigada a possibilidade de dengue.
Manifestações 
O desenvolvimento das manifestações da malária, em geral, ocorre entre 9 e 40 dias (período de incubação) após a picada de um mosquito infectado, dependendo da espécie de Plasmodium. Podem, no entanto, surgir meses ou, eventualmente anos, depois da saída de uma área de transmissão de malária. As manifestações iniciais são febre, sensação de mal estar, dor de cabeça, dor muscular, cansaço e calafrios. Nas fases iniciais, é comum que o viajante confunda as manifestações da malária com as das viroses respiratórias (“gripe”). 
Tratamento
Diversos medicamentos (mefloquina, artemisina, quinina, cloroquina) estão disponíveis e a malária pode ser tratada com sucesso, especialmente quando a terapêutica é iniciada precocemente e for adequada à espécie infectante. O retardo do tratamento ou a terapêutica direcionada para a espécie de Plasmodium incorreta pode ter conseqüências graves. A malária, quando não for corretamente diagnosticada e prontamente tratada, pode evoluir com anemia, icterícia (olhos amarelados, semelhante às hepatites e à leptospirose) e, a infecção pelo Plasmodium falciparum, pode resultar em funcionamento inadequado de órgãos vitais (rins, pulmões e cérebro) e levar ao coma e à morte. Grávidas e crianças estão sob risco maior de desenvolver formas graves de malária.
Fonte:  http://www.cives.ufrj.br/informacao/malaria/mal-iv.html

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