O Bioma Cerrado localiza-se principalmente no Planalto Central do Brasil. Ocupa 24% do território nacional, pouco mais de dois milhões de quilômetros quadrados. Segundo estudos atuais, restam 61,2% desse total, em áreas distribuidas no Planalto Central e no Nordeste, estando a maior parte na região Meio-Norte , nos estados do Maranhão e do Piauí. Existem áreas de Cerrado também em Rondônia, Roraima, Amapá, Pará, bem como em São Paulo. É a segunda maior formação vegetal brasileira depois da Amazônia, e savana tropical mais rica do mundo em biodiversidade. Além disso, o Bioma Cerrado é favorecido pela presença de diferentes paisagens e de três das maiores bacias hidrogáficas da América do Sul. Concentra nada menos que um terço da biodiversidade nacional e 5% da flora e da fauna mundiais.
BIODIVERSIDADE DO BIOMA CERRADO
O termo biodiversidade ou biodiversidade biológica refere-se à variedade de vida existente na Terra. Abrange a variedade de espécies de flora, fauna e microorganismos, de funções ecológicas desempenhadas pelos indivíduos e a variedade de comunidades, habitats e ecossistemas formados pelos organismos. Portanto, a biodiversidade refere-se tanto ao número de diferentes categorias biológicas quanto à abundância relativa dessas categorias.
Comunidade é um conjunto de todas as populações de organismos existentes numa determinada área. Por exemplo: a comunidade vegetal do Cerrado. O termo hábitat refere-se ao lugar ocupado por um organismo ou no qual a espécie é nativa. Esse termo estabelece o local e as condições ambientais para o estabelecimento de um organismo. Por exemplo, o hábitat do lobo guará é o Cerrado.
O termo ecossistema é usado para um conjunto de relações entre as comunidades, que são diferentes populações de indivíduos, e seu meio ambiente. Bioma é uma comunidade biótica que se caracteriza pela uniformidade fisionômica da flora e da fauna que a formam e se influenciam mutuamente. O Brasil é considerado como um dos países de maior diversidade biológica por abrigar cerca de 1,5 milhão de espécies, entre vertebrados, invertebrados, plantas e microrganismos que representam aproximadamente 10 % das espécies existentes no planeta. Toda essa riqueza biológica está distribuída nos diferentes ecossistemas florestais, não florestais, aquáticos, montícolas, costeiros e marinhos existentes no País.
O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro. Ocupa uma área de aproximadamente 1,8 milhão de km2, ou seja, cerca de 21 % do território nacional e corta diagonalmente o País no sentido nordeste-sudoeste. A área central do Cerrado limita-se com quase todos os biomas, à exceção dos Campos Sulinos e os ecossistemas costeiro e marinho. Existem também porções de Cerrado na Amazônia, na Caatinga e na Mata Atlântica (por exemplo, na região de Barbacena, MG). Tais áreas são remanescentes de um processo histórico e dinâmico de contração e expansão das áreas de Cerrado e de florestas, provocado por alterações climáticas ocorridas no passado.
Nesses processos de contração e expansão do bioma, houve grande enriquecimento de espécies no Cerrado a partir de contribuições dos biomas vizinhos, que tornou rica a biodiversidade biológica do Cerrado. Por exemplo, cerca de 82,6% do número estimado de espécies de aves desse bioma são dependentes, em maior ou menor grau, das áreas florestais da Mata Atlântica e da Amazônia. Essas aves provavelmente invadiram o Cerrado pelas porções sudeste e noroeste. Mais de 50% das espécies de mamíferos terrestres não voadores do Cerrado estão associados às Matas de Galeria e estudo mais recente, incluindo morcegos e formas semi-aquáticas e aquáticas, revelaram que esse número pode ser muito maior, chegando a 82% das espécies de mamíferos que mantêm alguma associação com as Matas de Galeria e que correspondem à parte dos ambientes florestais existentes no Cerrado. Existe um mosaico de formações vegetais que variam desde campos abertos até formações densas de florestas que podem atingir os 30 metros de altura.
Fauna do Cerrado
Entretanto, a dinâmica savana-floresta também ocasionou a perda de espécies como aconteceu na fauna de mamíferos, que era mais diversificada do que a atual. Várias e magníficas espécies pastavam no Cerrado até bem recentemente. Durante o último período glacial, entre 12 e 20 mil anos atrás, mamíferos como Eremotherium laurillardi (um tipo de preguiça-gigante) ou Haplophorus euphractus (um grande tatu) ou ainda Toxodon platensis (um animal assemelhado ao rinoceronte), desapareceram no Brasil. Hoje, o maior mamífero encontrado é a anta (Tapirus terrestris) que não é restrita a esse bioma.
Mesmo considerando essa diminuição na diversidade biológica, que provavelmente também afetou outros grupos, a riqueza de espécies no Cerrado ainda é muito expressiva, podendo representar em média 33 % da diversidade biológica do Brasil.
Formações vegetais do Cerrado
RIQUEZA DE ESPÉCIES
O Cerrado é considerado a mais diversificada savana tropical do mundo. O número de espécies vegetais supera 6.000. A riqueza de espécies de peixes, aves, mamíferos, répteis, anfíbios e invertebrados é igualmente grande, ocorrendo a metade das espécies de aves, 45% dos peixes, 40% dos mamíferos e 38% dos répteis com relação ao Brasil. Estima-se que nada menos do que 320 mil espécies ocorram no Cerrado. Esse valor representa cerca de 30% de tudo o que existe no Brasil, pelo menos, segundo as estimativas realizadas. Portanto, a biodiversidade do Cerrado é elevada, mas geralmente menosprezada.
Cerrado brasileiro
ENDEMISMO
Uma espécie é endêmica quando é nativa de uma única área geográfica. Se essa espécie estiver ameaçada de extinção, o que já ocorre nos grupos Xenarthera, Chiroptera, Carnivora, Artiodactyla e Rodentia, poderá desaparecer completamente do planeta.
Sob o ponto de vista da conservação, na nova lista das espécies de mamíferos ameaçadas de extinção, constam 21 espécies oficialmente reconhecidas. O nível de endemismo dos mamíferos do Cerrado pode ser considerado baixo, pois somente 9,5 % das espécies são exclusivas da região
No caso das aves, a riqueza estimada para o bioma é de 837 espécies, embora descrições de novas formas ainda estejam acontecendo.O nível de endemismo das aves do Cerrado é baixo, chegando a aproximadamente 4% do total de espécies registradas. Apesar desse nível, o número de espécies de aves que pode ser encontrada em diferentes localidades varia grandemente. Para o grupo, 23 espécies são consideradas como ameaçadas de extinção.
A diversidade dos répteis é igualmente expressiva para o Cerrado e o número de espécies endêmicas é bastante elevado, mas varia de um grupo ao outro. A diversidade de répteis pode chegar a 177 espécies, sendo o grupo das serpentes o mais diversificado. Apenas uma espécie está ameaçada de extinção, o lagartinho-do-cipó.
O bioma Cerrado abriga uma das maiores biodiversidades do mundo. São milhares de espécies da fauna, flora e outros tipos de organismos relacionando-se em uma área de aproximadamente 204.000.000 de hectares, o equivalente a soma das áreas da Espanha, França, Alemanha, Itália e Inglaterra.
Pesquisas recentes indicam que o Cerrado abriga mais de 10.000 espécies de plantas. A fauna é igualmente rica, apresentando cerca de 159 espécies de mamíferos (23 endêmicas), 837 espécies de aves (29 endêmicas), 180 espécies de répteis (20 endêmicas) e 113 de anfíbios (32 endêmicas).
RECURSOS HÍDRICOS
Três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul (São Francisco, Tocantins-Araguaia e Prata) têm origem no Cerrado e todos os demais biomas brasileiros (os Pampas Gaúchos, o Pantanal Mato-Grossense, a Floresta Amazônica, a Caatinga e a Mata Atlântica) recebem alguma fração da água que nasce no Cerrado. Alguns estudos informam que a existência desses cursos d’água pode ter contribuído para a grande biodiversidade da região, pois, através dos rios, vários organismos dos mais variados biomas podem ter encontrado caminho para migrar e colonizar as regiões mais centrais do nosso território.
Dois fatores propiciaram a presença de grande quantidade de nascentes e corpos hídricos de tamanho pequeno e intermediário no Planalto Central brasileiro: o fato de ser uma região divisora de bacias e por se tratar de uma região de altitude elevada quando comparado ao restante do país.
FOGO
O bioma Cerrado apresenta um grande mosaico de formas de vegetação, desde as formações florestais, onde adensam as árvores e arbustos, passando pelas formações savânicas, contendo árvores e arbustos de pequeno porte entremeadas por herbáceas, até as formações campestres, onde dominam as plantas herbáceas.
Milhares de anos de ocorrência de fogo no Cerrado e de seleção natural fizeram com que muitas espécies vegetais desenvolvessem estruturas capazes de amenizar os efeitos danosos das queimadas. Algumas destas espécies possuem uma casca grossa composta de um material isolante térmico que protege as estruturas essenciais do tronco das altas temperaturas. Outras possuem órgãos de reserva nas raízes, que são capazes de guardar elementos químicos necessários à produção de novas folhas e até mesmo novos troncos.
Embora pesquisas apontem o fogo como elemento de renovação da vegetação por rebrota e germinação de sementes devido à quebra de dormência, além de constituir papel fundamental na estruturação de algumas paisagens do Cerrado, a sua ocorrência provoca mudanças na cobertura vegetal alterando a hidrologia e afetando a dinâmica e os estoques de carbono no ecossistema, ademais, a periodicidade ideal para a ocorrência de fogo no bioma ainda não é conhecida.
A peculiaridade da região em relação aos solos, a altitude, a má distribuição das chuvas, a grande quantidade de nascentes e rios, o fogo e os milhares de anos de seleção natural resultaram num grande número de espécies animais e vegetais de ocorrência restrita ao bioma Cerrado, as chamadas espécies endêmicas.
POPULAÇÕES TRADICIONAIS
Nas últimas décadas, o bioma Cerrado tem sofrido uma intensa invasão por atividades e populações animais e vegetais ausentes ou pouco disseminados, transformando rapidamente as paisagens e o modo de vida dos povos tradicionais, promovendo impactos ambientais e sociais imensuráveis.
As populações mais antigas do Cerrado são os povos indígenas Xavantes, Tapuias, Karajás, Avá-Canoeiros, Krahôs, Xerentes, Xacriabás, dentre alguns dos muitos outros que viviam na região e foram dizimados antes mesmo de serem conhecidos.
As chamadas populações tradicionais do Cerrado incluem, além dos povos indígenas, os povos negros ou miscigenados, conhecidos como quilombolas, geraizeiros, vazanteiros, sertanejos e ribeirinhos, que permaneceram em relativo isolamento nas áreas do bioma e, ao longo dos séculos, adaptaram seus modos de vida aos recursos naturais disponíveis para alimentação, utensílios e artesanato. A maior parte dessas populações foi expulsa ou confinada a áreas marginas e hoje se vê diante de um mundo e um sistema de produção que não considera ou valoriza o conhecimento sobre a convivência com a natureza.
A situação do Cerrado, atualmente a principal região agrícola brasileira, é um grande conjunto de interações, interesses, desafios e possibilidades. A adoção de meios de produção sustentável aliando o conhecimento técnico, o conhecimento tradicional e a pesquisa são essenciais à conservação, sobretudo, dos recursos hídricos e da biodiversidade do bioma Cerrado.
SOLOS DO CERRADO
A maioria dos solos da região dos Cerrados são os Latossolos, cobrindo 46% da área. Esses tipos de solos podem apresentar uma coloração variando do vermelho para o amarelo, são profundos, bem drenados na maior parte do ano, apresentam acidez, toxidez de alumínio e são pobres em nutrientes essências (como cálcio, magnésio, potássio e alguns micronutientes) para a maioria das plantas. Além desses, temos os solos pedregosos e rasos (Neossolos Litólicos), geralmente de encostas, os arenosos (Neossolos Quartzarênicos), os orgânicos (Organossolos) e outros de menor expressão.
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