Ícone do site Manual da Biologia

GLÂNDULAS ENDÓCRINAS

Glândula endócrina é um órgão do sistema endócrino, constituído de tecido epitelial, que secreta substâncias que são lançadas na corrente sanguínea.

1. As principais glândulas endócrinas

1.1. Glândula hipófise

É uma pequena glândula endócrina de dupla origem embrionária, é também chamada de pituitária, tem um centímetro de diâmetro e peso de meio a um grama.  Uma parte da hipófise tem origem nervosa e a outra ectodérmica. Ela se caracteriza por manter íntimo relacionamento com o hipotálamo.
Localizando-se na cavidade de um osso na base do encéfalo. A glândula inteira é revestida por uma cápsula de tecido conjuntivo, contínua com a rede de fibras reticulares que sustentam as células do órgão. Apesar de pequena, é uma das glândulas mais importantes do nosso corpo.
Ela tem a aparência típica de uma glândula endócrina. É formada por vários tipos celulares e cada um produz e secreta um tipo específico de hormônio que regulam o crescimento do corpo, o desenvolvimento e funcionamento dos órgãos sexuais.
Os principais hormônios produzidos e secretados são: Somatotrofina, Hormônio Tireoetimulante (TSH), Hormônio Adrenocorficotrófico (ACTH), Hormônio Folículo Estimulante (FSH), Hormônio Luteinizante (LH) e Prolactina.
Somatotrofina ou hormônio do crescimento, a insuficiência desse hormônio causa o nanismo e o excesso produz o gigantismo. Na idade adulta, a presença desse hormônio na circulação determina a acromegalia, doença grave, com desenvolvimento anormal das extremidades (mãos, pés, queixo, nariz e etc.).
Hormônio estimulador da tireoide (TSH) – é o ativador da glândula tireoide, cujos hormônios têm o notável desempenho no desenvolvimento físico e psíquico das pessoas.
Hormônio Adrenocorticotrófico (ACTH), hormônio de mais alta importância na fisiologia do nosso organismo, pois atua sobre o córtex das glândulas suprarrenais, estimulando-o na produção dos corticosteroides.
Hormônios Gonadotróficos, são hormônios que atuam sobre as gônadas ou glândulas sexuais, o FSH e o LH.
O hormônio folículo-estimulante (FSH), tem como função regular a produção de espermatozoides e a maturação dos óvulos durante a idade fértil. Ele é um hormônio ligado à fertilidade e a sua concentração no sangue ajuda a identificar se os testículos e os ovários estão funcionando corretamente.
O hormônio luteinizante (LH) nas mulheres, é responsável pelo amadurecimento dos folículos, ovulação e produção de progesterona. Nos homens também está diretamente relacionado à fertilidade, atuando diretamente nos testículos e influenciando a produção de espermatozoides.
Prolactina tem como principal função desencadear a produção de leite pelas glândulas mamárias durante a lactação. É secretada em quantidade variada devido a estímulos como a amamentação, ovulação, alimentação, entre outros estímulos.

1.2. Tireoide

Essa glândula apresenta o seu parênquima dividido por septos de tecidos conjuntivo. Localiza-se no pescoço, abaixo da laringe  e em frente à traqueia. É uma das maiores glândulas endócrinas do organismo humano e pesa entre 15 e 30 gramas.
Tem como função produzir os hormônios calcitonina, hormônio T3 e hormônio T4 que são hormônios fundamentais para o funcionamento de todo o organismo, pois controlam o metabolismo e equilíbrio entre todos os sistemas do corpo (homeostase).
Calcitonina: Regulação os níveis de cálcio no sangue, transferindo o cálcio do sangue para os ossos.
Tiroxina ou tetraiodotironina (T4): Tem como constituinte o iodo (apresenta quatro átomos de iodo, por isso “T4”), é essencial na regulação do metabolismo. É produzido em quantidades muito maiores do que o T3 e seu período de ação também é maior.
Tri-iodotironina (T3): Tem como constituinte o iodo (três átomos, por isso “T3), também é fundamental na regulação do metabolismo. É mais ativo que o T4 porém com período de ação mais curto.
O iodo presente nesses hormônios é absorvido através dos alimentos e da água. Nas regiões de terra pobre em iodo, a tireoide é obrigada a trabalhar mais, para compensar essa falta. Em consequência ela se desenvolve exageradamente, produzindo o bócio ou papo.
Chama-se hipertireoidismo a condição e, que a tireoide produz tiroxina demais. Isso resulta em maior consumo de oxigênio e de gorduras e em produção de colar. Em consequência o indivíduo emagrece, sente muito calor, torna-se nervoso e queixa-se de insônia.
O inverso é o hipotireoidismo, situação em que a produção de tiroxina diminui, o que causa baixa atividade metabólica, aumento de peso, depressão, sonolência e edemas em partes do corpo.
Na infância, a produção escassa de tiroxina pode causar o distúrbio de crescimento infantil e o cretinismo é uma deficiência mental causada pelo hipotireoidismo congênito, durante o desenvolvimento do recém-nascido.
Nos adultos o hipotireoidismo prolongado pode causa o mixedema, um edema duro e com aspecto de pele opaca. O distúrbio é mais frequentemente em mulheres do que nos homens, apresentando edemas na face e nas pálpebras formando “bolsas” sob os olhos.

1.3. Paratireoides

As paratireoides são quatro pequenas glândulas, localizadas atrás da tireoide sendo duas em cada extremidade. Essas glândulas produzem o paratormônio (PTH) e tem como função controlar os níveis cálcio no sangue.
Paratormônio (PTH): Responsável pela regulação de cálcio e fósforo no sangue e aumento da absorção de vitamina D. Quando a concentração de cálcio no sangue está baixa, esse hormônio retira o cálcio dos ossos e envia para a corrente sanguínea, estimula a absorção de cálcio pelo intestino e diminui sua eliminação pelos rins, ou seja, age de forma oposta à calcitonina.
Hipoparatireoidismo
Quando o nível de paratormônio está abaixo do necessário para o organismo ocorre deficiência de cálcio no sangue e acúmulo de fósforo, podendo causar hiperirritabilidade e fazer com que as células musculares esqueléticas se contraiam de forma desarmônica (quadro de tetania), podendo causar asfixia e até mesmo a morte.
Hiperparatireoidismo
Quando o nível paratormônio está acima do necessário, uma de suas principais causas pode estar relacionada à queda de cálcio no sangue ou pelos baixos níveis de vitamina D e magnésio. Nesse estado o indivíduo está sujeito a lesões renais, osteoporose e cistos nos ossos. Na presença de muito PTH os ossos continuarão lançando o cálcio no sangue em uma taxa alta resultando em ossos muito pouco cálcio causando osteoporose.
Feedback negativo: Calcitonina x Paratormônio
A calcitonina e o paratormônio mantêm um nível adequado de cálcio no sangue, condição necessária para o bom funcionamento das células.
A regulação da secreção de diversos hormônios é feita por um mecanismo conhecido como feedback negativo. Um exemplo desse mecanismo é a regulação da produção dos hormônios calcitonina (produzido pela tireoide)  e paratormônio (produzido pelas paratireoides), sendo responsáveis pela manutenção dos níveis normais de cálcio no sangue.
A elevação do nível de cálcio no sangue estimula a tireoide a secretar calcitonina, promovendo a deposição de cálcio nos ossos e a eliminação de cálcio na urina, além de inibir sua absorção pelo intestino. Com isso, a quantidade de cálcio no sangue diminui.
Quando a quantidade de cálcio no sangue se torna menor que 10 mg por 100 ml, a secreção de calcitonina é inibida e as glândulas paratireoides são estimuladas a secretar o paratormônio que tem efeito inverso ao da calcitonina, liberando cálcio dos ossos para o sangue, estimula a absorção de cálcio pelo intestino e diminui sua eliminação pelos rins.

1.4. Pâncreas

O pâncreas é uma glândula mista, isto é, produz secreções exócrina e endócrina, por apresentar função dupla também pode ser considerado um órgão. Está localizado no abdômen, atrás do estômago e entre o duodeno e o baço, com 15 a 25 cm de extensão e integra os sistemas digestivo e endócrino.
Função exócrina: Produz e secreta o suco pancreático, que auxilia no processo de digestão.
Função endócrina: Secreta a insulina e o glucagon, hormônios responsáveis pelo controle dos níveis de glicose (açúcar) no sangue e o hormônio somatostatina, que atua inibindo a secreção da insulina e do glucagon. Esses hormônios são produzidos na parte endócrina do pâncreas que consiste de grupos de células chamados Ilhotas de Langerhans.
As ilhotas pancreáticas ou ilhotas de Langerhans, são constituídas por três tipos de células:
  • Células alfa (α) que secretam glucagon (25% das células da ilhota)
  • Células beta (β) que secretam insulina (60% das células da ilhota)
  • Células delta (δ) que produzem somatostatina (3-10% das células da ilhota)
Insulina: Age controlando a quantidade de açúcar (glicose) no sangue. Em certas condições, por exemplo, quando se ingere muito açúcar, o nível de glicose no sangue aumenta muito. Então o pâncreas libera insulina no sangue. Esse hormônio aumenta a absorção de glicose nas células. Assim, o excesso de glicose é retirado do sangue e o nível desse açúcar volta ao normal.
Glucagon: Age no fígado, quebrando o glicogênio em moléculas de glicose, e essa glicose é levada para o sangue para normalizar a taxa de açúcar no sangue, ativa a conversão de aminoácidos em glicose (gliconeogênese) e quebra a gordura armazenada em ácidos graxos para uso como combustível pelas células.
Somatostatina: Inibe a secreção de insulina e glucagon, atua no controle da secreção de HCl, esvaziamento gástrico e também inibe absorção de carboidratos e aminoácidos por fornecer sensação de saciedade.
Feedback negativo: Insulina x Glucagon
Após a alimentação o nível de glicose na corrente sanguínea aumenta, fazendo com que o pâncreas libere insulina, garantindo que as células absorvam mais glicose e armazenando seu excesso no fígado na forma de glicogênio, reduzindo assim, os níveis de açúcar no sangue. Quando os níveis de glicose ficam normais, a insulina para de ser liberada.
Quando os níveis de açúcar no sangue estão abaixo do normal, ocorre a secreção de glucagon. Esse hormônio age de forma contrária a insulina, liberando a glicose que está armazenada na forma de glicogênio, no fígado, fazendo com que os níveis dessa substância aumentem no sangue. Assim, com o aumento dos níveis de glicose até chegar a normalidade, a secreção de glucagon é interrompida.
RESUMINDO: A insulina diminui a quantidade de glicose no sangue, até atingir o nível aceitável (normal). O glucagon aumenta a quantidade de glicose no sangue, até atingir o nível aceitável (normal).
Quando o pâncreas produz uma quantidade insuficiente de insulina, surge uma doença conhecida como diabetes mellitus, que é caracterizada por um alta elevação na taxa de glicose no sangue (hiperglicemia).
A glicose é essencial para gerar energia para as células, sem insulina as células são incapazes de absorver adequadamente a glicose, o que acarreta em diversos alguns sintomas como grande eliminação de urina (Poliúria), sede excessiva (Polidipsia), fome excessiva (Polifagia), perda involuntária de peso, sensação de fraqueza muscular.
E se não tratado pode evoluir para complicações mais graves como doenças renais, neuropatia periférica (danos aos nervos periféricos), problemas de visão e problemas de pele. O excesso de glicose (hiperglicemia) que permanece no sangue pode ser constata pela sua presença na urina.

1.5. Suprarrenais

As glândulas suprarrenais ou adrenais são duas, cada uma localizada acima de um rim. Nelas se distinguem duas regiões com suas respectivas funções: a parte externa, chamada córtex, e a parte interna, chamada medula.
O córtex da suprarrenal produz aldosterona e cortisol e a medula suprarrenal produz adrenalina e noradrenalina.
Aldosterona: Ajuda a manter estável a quantidade de sódio e potássio no organismo.
Cortisol: Sua função é ajudar o organismo a controlar o estresse, reduzir inflamações, contribuir para o funcionamento do sistema imune e manter os níveis de açúcar no sangue constantes, assim como a pressão arterial.
Adrenalina: Também chamada de epinefrina, em pequenas quantidades, auxilia na regulação da pressão arterial, mas sua principal função é auxiliar o organismo a responder à situações de estresse, como por exemplo situações de fuga ou prática de esportes, desencadeando uma série de reações como aumento dos batimentos cardíacos (taquicardia), aumento da pressão sanguínea, aumento da glicemia, aumento da taxa de respiração, aumento do fluxo sanguíneo para os músculos, aumentando a força muscular.
Noradrelina: É um precursor da adrenalina, ou seja, ele aparece antes desta ser metabolizada, atuando junto na resposta à situações de estresse e  desencadeando uma série de reações por todo o corpo, como constrição dos vasos sanguíneos, respiração mais rápida, aumento das pupilas e aceleração dos batimentos cardíacos.
O córtex também produz hormônios sexuais, porém em quantidades muito baixas e insuficientes para agir no organismo em condições normais.
Ronielson Lima – Biólogo
FICOU COM ALGUMA DÚVIDA? DEIXA UM COMENTÁRIO QUE RESPODEREMOS SEMPRE QUE POSSÍVEL.
Sair da versão mobile